Comunicado do Comando de Greve do IFB sobre o Ofício 83/2024 da Reitoria

Na última terça-feira, a Reitoria do IFB enviou o ofício ao sindicato, listando as atividades que a gestão do IFB considera prioritárias e inadiáveis, conforme acordado na reunião entre Reitoria e o comando de greve.

O comando de greve irá avaliar as atividades que consideramos inadiáveis, em conjunto com nossa assessoria jurídica. Na próxima reunião com a Reitoria, negociaremos quais atividades devem ser mantidas durante a greve. Instruímos os comandos locais de greve a se reunirem com os servidores diretamente afetados para determinar quais serviços são verdadeiramente inadiáveis.

Reiteramos que o direito de greve é constitucional, não havendo legislação especifica que determine quais serviços devem ser mantidos durante a greve em instituições federais de ensino.

🗓️ Participe das mobilizações!

📢 Ato durante a Mesa Nacional de Negociação Permanente
Quarta-Feira – 14h
Anexo do bloco F – Esplanada dos Ministérios

📢 Ato durante o lançamento da pedra fundamental do novo campus do IFB com a presença do presidente Lula
Quinta-feira – 14h
Sol Nascente – Via VC 311, quadra 202, conjunto N

Fortaleça a greve, participe dos comandos locais!
Uma carreira forte depende de um sindicato forte!
A Expansão tem que ser com valorização do servidor e orçamento suficiente para o bom funcionamento!

Filie-se ao sindicato!

Paralisação | Reitoria e direções foram avisadas

Conforme foi deliberado na última assembleia do Sinasefe Brasília, os servidores do IFB estão em estado de greve e realizarão nesta quarta-feira (22), uma assembleia geral em formato híbrido para deliberar se vão aderir ao movimento paredista nacional contra os cortes orçamentários e pela recomposição salarial da categoria.

A seção sindical avisou, com o tempo protocolar de antecedência, tanto a reitoria quanto as direções de curso. Segue abaixo os comunicados enviados na segunda-feira (20).

34° Consinasefe reforça a luta dos servidores federais

Greve geral, eleição da nova diretoria e posicionamento nas eleições presidenciais foram alguns dos pontos tratados durante o 34° Congresso Nacional do Sinasefe, que aconteceu nos dias 12, 13, 14 e 15/05, em Brasília. 

Além da deflagração do movimento paredista em defesa da recomposição salarial de 19,99%, pauta esta que já vinha sendo amplamente debatida e construída nas plenárias do Sindicato, o congresso instituiu o Comando Nacional de Greve (CNG), composto com representações das seções paralisadas.

Vale lembrar que desde o dia 11/05, o Sindicato comunicou o governo sobre o movimento paredista e a reivindicação da categoria, que sofre severas perdas inflacionárias desde o início do governo Bolsonaro. As seções sindicais Sinasefe IFMG, Sinasefe IFBA, Sidsifpe, IFPE já deflagraram greve. O os servidores do IFSP estão com paralisações em curso. Outras seções, vão deflagrar greve no próximo período.  IFPA, no dia 20, IFSul, dia 19, IFMS adere ao movimento a partir de segunda-feira (23). Outras seções sindicais também estão entrando no movimento e realizando assembleias, dialogando com a base e deflagrando paralisações. 

A seção Brasília aprovou, na última assembleia, o indicativo de greve que será debatido com a categoria e a comunidade acadêmica nas próximas semanas. A nova Diretoria Nacional do Sindicato, que estará à frente das lutas da categoria pelos próximos dois anos, também foi eleita durante a atividade, assim como o caderno de teses.

Sobre as eleições presidenciais, os delegados presentes no Consinasefe decidiram pelo apoio a Lula, que lançou sua pré-candidatura no dia 07 de maio.

*Com informações de Sinasefe Nacional.

1° de abril | Memória, Verdade e Justiça

Dizem que quando uma mentira é contada várias vezes ela se torna verdade. Há 58 anos, um regime de governo baseado em inverdades tomou o poder no país. Com a justificativa de “barrar a ameaça comunista” e “colocar ordem na casa”, os militares assumiram o comando, fecharam o congresso e instauraram uma ditadura por 21 anos. Os frutos desta mentira assombram até hoje a nossa sociedade e a maior prova disso foi a eleição, em 2018, de um então candidato que fazia apologia direta aos crimes cometidos pelo regime militar. 


Esta semana, o Ministério da Defesa publicou um documento no qual elogiava o período da ditadura, desprezando as perseguições, torturas e mortes que aconteceram ao longo daqueles anos. Um trecho da nota afirma que: “a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”. 

O historiador e professor do IFB, Júlio Mangini, explica o que aconteceu naquele período. “Foram 21 anos de tortura, perseguição, aumento da concentração de renda, grande endividamento econômico, aumento da desigualdade social, que favoreceu uma classe burguesa, especialmente as grandes empreiteiras, que tiveram muitas obras nesse momento. Tivemos outros períodos com golpes, mas entre os diversos pactos que as elites fizeram, esse provavelmente foi um dos mais perversos da história brasileira”, afirmou. 

Na pele 

A dirigente do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha, teve as marcas do regime militar impressas na história de sua família. No relato abaixo, ela conta o que seus pais enfrentaram durante esse período. 

“Minha mãe cursava Ciências Sociais no curso noturno da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e atuava no  movimento estudantil, sendo secretária do Travassos da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando estourou o golpe de 1964. Foi neste espaço de tempo da sua vida que conheceu o meu pai. Ele era do Partido Revolucionário dos Trabalhadores, grupo que saiu de dentro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas que era a favor da luta armada como única forma de enfrentar os militares, já minha mãe era de um movimento católico, Ação Popular (AP), que não era a favor da luta armada. Era o ano de 1969 e ambos estavam na resistência, cada qual ao seu modo”, explicou Camila. 

A sindicalista relata que, ao saber que a gráfica em que imprimiam o material “subversivo” fora descoberta, tiveram que pensar em fuga. “Num desespero louco rasgaram e queimaram papéis, enfiaram o que conseguiram em roupas e trouxas, falaram com o dono do apartamento se aceitava o colchão como pagamento que iriam sair naquele instante. Tentando correr com a barriga de oito meses,  minha mãe viu ainda, do outro lado da rua,os carros do DOPs pararem em frente ao apartamento. Na dúvida entre andar para não levantar suspeita e correr porque a emergência dizia para fazer isso, andou rápido, com barrigão e tudo. Pegaram um ônibus e outro e foram parar nos meus avós paternos em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde meu irmão nasceu em outubro daquele ano”, afirmou Camila 

“Nestes tempos meus pais ajudavam a resistência e os amigos presos, mas não estavam mais no movimento diretamente. Existia uma fala de não torcerem pelo Brasil na Copa de 1970, afinal os militares se aproveitaram disso. Mas então os jogos começaram e foi um tal de tentarem comprar rádios para os companheiros presos, para que eles pudessem ouvir os jogos.”, relata a sindicalista. 

Embora a família de Camila tenha conseguido fugir, este não foi o destino de centenas de pessoas que se opuseram ao regime militar. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, pelo menos 434 assassinatos e desaparecimentos políticos aconteceram ao longo daquele período.

“Por tudo isso, não podemos esquecer  aquela época dura para que ela não se repita mais. Para que as famílias não precisem ficar escondidas, para que não haja sonhos desfeitos, pessoas queridas desaparecidas e assassinadas apenas porque as suas ideias são diferentes das de quem está no poder”, conclui Camila.

Campanha Salarial | “Só vamos arrancar qualquer coisa do governo Bolsonaro fazendo greve”

Mais uma vez, o governo Federal deixou claro que não quer atender às reivindicações dos servidores públicos. Na tarde desta sexta-feira (1°), durante reunião com as representações da categoria, ao invés de iniciar as negociações da campanha salarial, os representantes do ministério da Economia criticaram a forma com que os sindicatos se posicionam e não deram nenhuma perspectiva de recompor as perdas inflacionárias dos servidores, que já chegam a mais de 19,99% no governo Bolsonaro. Este é o percentual que a categoria reivindica, mas como explica o dirigente do Sinasefe Brasília, Dimitri Assis, o prazo apertado, por se tratar de um ano eleitoral, impossibilita que esse reajuste seja concedido. 

“Um dos prazos, que é na primeira quinzena de abril, trata do aumento que excede a inflação, seria os 19,99%, porque a ideia é conseguir a recomposição das perdas inflacionárias de todo o período do governo Bolsonaro. Aí tem outro prazo em junho, que é até 180 dias antes do fim do mandato, até essa data, pode ser aprovado um aumento que não exceda a inflação do período, que seria apenas do último ano”, explicou o dirigente do Sinasefe Brasília, Dimitri Assis. 

A dirigente nacional do Sinasefe, Elenira Vilela, esteve presente na reunião com os representantes do governo e relatou o que aconteceu. “Viemos ouvir uma resposta do governo porque ele anunciou que diria se ia abrir ou não negociação neste dia 1° de abril. Era mentira, como esperado e o que eles fizeram foi tentar empurrar para as nossas costas a responsabilidade sobre a administração pública”, relatou. 

A sindicalista afirmou ainda que não há  perspectiva de reajuste, a não ser para as categorias que têm algum tipo de relação política com o governo. “A conclusão geral é que a gente vai arrancar qualquer coisa do governo Bolsonaro fazendo greve. A gente tem que entender que a luta pelos nossos direitos é a luta pelos direitos da população ao serviço público e que o governo Bolsonaro é inimigo dos direitos da população”, afirmou. Elenira. 

O Fonasefe vai se reunir neste sábado (02), às 10h, para avaliar a reunião e construir uma nota conjunta.

Assista ao vídeo completo aqui:

21/03: Dia Internacional Para a Eliminação da Discriminação Racial

Por: Mário Júnior/ Sinasefe Nacional

Nesta segunda-feira, dia 23 de março, temos a passagem do Dia Internacional Para a Eliminação da Discriminação Racial, uma importante data que reforça as lutas contra o preconceito racial e o racismo em todo o mundo.

As lutas contra a discriminação racial e o racismo, que fazem parte das principais bandeiras do SINASEFE, só começaram a se intensificar no Brasil após a Constituição Federal de 1988, que incluiu o crime de racismo como inafiançável e imprescritível.

A eliminação de qualquer tipo de discriminação é um dos pontos centrais da Declaração Universal das Nações Unidas, que diz: “discriminação racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública” (Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial).

Várias instituições da sociedade civil (inclusive organizações sindicais) e do Estado Brasileiro organizam debates e outras atividades que buscam auxiliar na tentativa de conscientizar a população a acabar com qualquer referência ao racismo e discriminação racial, mas, infelizmente, o preconceito e a discriminação racial seguem latentes no Brasil e em várias partes do mundo.

Durante essa pandemia, tivemos acesso a dados que nos alertam que o racismo continua enraizado no Brasil. Como exemplo, uma pesquisa do Instituto Pólis constatou que os negros sofreram mais com a COVID-19 que os brancos: são 250 óbitos de homens negros pela doença a cada 100 mil habitantes. Entre os homens brancos, são 157 mortes a cada 100 mil. Entre as mulheres, as que têm a pele preta também morreram mais: foram 140 mortes de negras por 100 mil habitantes, contra 85 por 100 mil entre as brancas. O padrão explica a discriminação racial refletida na falta de acesso à saúde e na menor possibilidade econômica de buscar proteção.

Dados da Agência Pública também indicaram que os negros sofreram maior discriminação na fila da vacina contra a COVID-19. Eles são a maioria da população brasileira, mas sua proporção de indivíduos vacinados foi de metade em relação aos brancos nos primeiros dois meses de vacinação (17/01/2021 a 17/03/2021).

Origem do Dia Internacional Para a Eliminação da Discriminação Racial

O Dia Internacional Para a Eliminação da Discriminação Racial foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com a Resolução A/RES/2142 (XXI) de 1966, em memória ao “Massacre de Shaperville”, em 21 de março de 1960.

Nesta data, aproximadamente vinte mil pessoas protestavam contra a “lei do passe”, em Joanesburgo (África do Sul). Esta lei obrigava os negros a andarem com identificações que limitavam os locais por onde poderiam circular dentro da cidade.

Tropas militares do Apartheid (regime segregacionista do país) atacaram os manifestantes e mataram 69 pessoas, além de ferir uma centena de outras pessoas.

Em homenagem à luta e em respeito à memória desses manifestantes, o Dia Internacional Para a Eliminação da Discriminação Racial passou a ser celebrado em 21 de março.

Enquanto houver racismo e discriminação social, haverá luta! Viva para a resistência do povo negro!

Em 2022, seguiremos juntos!

2021 foi um ano desafiador para o conjunto da classe trabalhadora e não foi diferente para os servidores públicos da educação. Além do contexto já dramático da pandemia, que apagou os sonhos e esperanças de mais de 600 mil brasileiros, tivemos que lidar com a gestão desastrosa do governo Bolsonaro, cujas políticas empurraram o país para a miséria, a fome e a total ausência de amparo aos mais necessitados.
Percebemos isso acompanhando a realidade dos nossos alunos, que tiveram dificuldade em acompanhar as atividades de forma virtual, de trabalhar e garantir o sustento de suas famílias.
Para os servidores públicos, cujo trabalho foi essencial para garantir atendimento aos infectados pelo Coronavírus, salvar vidas, informar a população, dar continuidade ao ensino de forma remota, desenvolver pesquisas, dentre muitas outras tarefas, o governo Bolsonaro preparou uma bomba: a PEC 32.
A Reforma Administrativa, que visa acabar com o serviço público brasileiro, foi a principal aposta da dupla Bolso-Guedes para agradar o empresariado. Todo tipo de manobra foi feita para aprovar a proposta, mas a mobilização dos servidores públicos foi maior. Por mais de 3 meses, as categorias se uniram para pressionar os deputados a votar contra o projeto. O movimento incansável foi responsável por adiar a votação da proposta, que ficou para o ano que vem.
O Sinasefe Brasília esteve presente nas principais atividades contra a PEC 32 e o governo Bolsonaro. Junto ao Sindicato Nacional e as outras entidades representativas do serviço público, pressionamos os parlamentares, fomos às ruas e levamos as pautas das nossas categorias.
Também foi um ano em que lutamos pela vacina, contra o retorno presencial sem planejamento, em defesa de acessibilidade digital para os estudantes. Essas lutas passaram por assembléias, carreata pela vacina, conversas com a reitoria, dentre muitas outras ações.
Nosso sindicato também realizou o processo eleitoral que elegeu a nova diretoria, de forma totalmente virtual. Apesar das dificuldades desse processo, as nossas eleições foram históricas, contabilizando o maior número de votos da nossa seção.
As campanhas de solidariedade foram constantes nesse contexto em que milhares de brasileiros tiveram perdas de emprego, renda e se encontraram em situação de insegurança alimentar.
O nosso sindicato contribuiu em 8 doações para compra de cestas básicas, água ou máscaras de proteção facial, beneficiando os seguintes coletivos: Movimento Resistência Popular (MRP), de luta por moradia; acampamentos de indígenas na esplanada; ocupação de trabalhadores sem teto próximo ao CCBB e estudantes do IFB campus Samambaia.
Foi um total de 15 contribuições para a organização de atos ou confecção de materiais, principalmente para a campanha Fora Bolsonaro, mas também para outras pautas de luta da classe trabalhadora, beneficiando os seguintes coletivos: Movimento Resistência Popular (MRP); Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET); Frente Nacional de Luta (FNL);Movimento contra o retorno presencial na SEEDF; Aliança da Juventude Revolucionária (AJR); Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do povo Saaraui (ASAARAUI Brasília). Ainda realizamos duas contribuições para projetos culturais.
Embora seja uma seção sindical pequena, tentamos nos manter disponíveis e em diálogo constante não apenas com a nossa categoria mas com toda a comunidade escolar, entendendo as demandas que apareceram na pandemia, apoiando politicamente ações individuais e coletivas e buscando sempre melhorar a comunicação com a base.
Enfrentamos muitos desafios. Mas temos a certeza que todas as lutas são necessárias para buscar uma sociedade onde tenhamos direitos, garantia de qualidade de vida para o povo e a manutenção da educação pública, gratuita e de qualidade, como um instrumento de emancipação e transformação da realidade.
Desejamos a todas e todos vocês, boas festas, bom descanso e um 2022 com muita esperança, saúde e forças para continuar lutando por um país melhor, onde todas e todos tenham direitos, dignidade e oportunidades.

O Sinasefe Brasília agradece cada uma e a cada um que nos ajudou a construir as conquistas desse ano. Continuaremos juntos em 2022!

Abraços Fraternos,
A direção.

Antirracismo | Atividades do mês da consciência negra sofrem ataques no DF

Nesta quinta-feira (25), data em que o mundo se une em luta pela erradicação da violência contra a mulher, duas educadoras do Distrito Federal foram duramente atacadas por realizarem atividades referentes ao mês da consciência negra. No IFB, o ataque virtual aconteceu durante a roda de conversa sobre Educação Antirracista e Literatura, que contava com palestrantes da Universidade de Brasília (UnB) e da Secretaria de Educação do DF (SEEDF).

A professora María del Pilar Acosta, que conduzia a atividade, relata que tratou-se de um ato organizado, em que vários perfis de homens brancos mais velhos invadiram a reunião, enviando mensagens extremamente violentas e de cunho sexual. Pilar é também dirigente do Sinasefe Brasília e conta que derrubou os primeiros perfis que entraram com essa intenção, porém, com insistência dos ataques, a educadora precisou interromper a atividade e criar uma nova sala virtual, cujo link só foi compartilhado com servidores e estudantes do IFB.

“É importante analisar a violência sofrida por um grupo formado principalmente por estudantes de ensino médio, professores/as e pesquisadores/as, sob o olhar da ciência. O fato de propormos um debate sobre a construção de uma educação antirracista acaba sendo profundamente revolucionário em uma sociedade moldada pelo racismo estrutural. É revolucionário propormos que todas, todes e todos sejamos vistos e respeitados como seres humanos ”, afirmou Pilar.

O IFB já está tomando providências, os dados da transmissão estão sendo extraídos pela equipe de TI, e será registrado um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).

O outro ataque de cunho parecido registrado hoje aconteceu no CED 01 da Cidade Estrutural, que é uma escola militarizada. Nas turmas de oitavo e nono anos do ensino fundamental, os estudantes foram convidados por seu professor de História a expressarem reflexões e sensações que o Dia da Consciência Negra lhes traz através de charges encontradas, principalmente, pela internet. Os jovens atenderam ao chamado e um mural na área comum da escola exibiu os resultados desse trabalho.

O tenente que ocupa o cargo de diretor disciplinar da escola, incomodado com alguns dos trabalhos, que abordavam a violência ou mesmo a abordagem policial em relação à população negra, solicitou à vice-diretora, professora Luciana Pain, que esses trabalhos fossem retirados dos murais.

“Nossa escola está situada numa região de periferia, a maioria de nossos estudantes é negra. Eles falaram do que eles vivem na pele, não podemos cerceá-los!”, considerou Luciana, que se recusou a obedecer à solicitação do tenente.

O caso repercutiu nas redes sociais e na quarta-feira (24), o deputado federal bolsonarista Heitor Freire (PSL-CE), do PSL do Ceará, foi até o CED 01, invadiu o local acompanhado de uma assessora, não se apresentaram ao corpo pedagógico da escola, e filmaram a vice-diretora sem autorização dela. O parlamentar também tentou intimidar a professora e fez ameaças do tipo “você vai cair” quando ela lhe informava qual o procedimento formal para registrar reclamações e questionamentos.

Na manhã desta quinta-feira, 25, a comunidade escolar se manifestou num ato em apoio à vice-diretora Luciana Pain, que foi firme na defesa da autonomia didático-pedagógica da escola e do colega responsável pelos trabalhos em questão, bem como na defesa da liberdade de expressão dos estudantes. O ato também se solidarizou pelo constrangimento causado pelo parlamentar, que, numa atitude que pode indicar abuso de autoridade, desrespeitou a professora, seu trabalho e a comunidade escolar do CED 01 como um todo. “Não aceitaremos mordaça”, afirmou Luciana.

O Sinasefe Brasília se solidariza com os estudantes e educadores atacados no exercício de seu trabalho e estudo. No caso do IFB, acompanharemos de perto os desdobramentos do processo, cobrando que os responsáveis sejam punidos. Não podemos aceitar a violência, o racismo e a covardia daqueles que se escondem no ambiente virtual para cometer esse tipo de crime. Acreditamos em uma sociedade mais justa e igualitária, na qual pessoas criminosas, preconceituosas e covardes não têm espaço para oprimir ainda mais aquelas e aqueles que nunca tiveram voz e vez. Lamentamos profundamente o ocorrido e continuaremos em luta para criar espaços cada vez mais plurais, respeitosos e igualitários.

Sinasefe Brasília com informações de Sinpro/DF.