Retorno presencial | IFB começa a debater retomada gradativa das atividades

Na manhã desta terça-feira (24), a reitoria do IFB realizou uma live para apresentar o Plano de Retorno Gradual e Seguro às Atividades Presenciais, que está em consulta pública para docentes, técnicos administrativos, discentes e familiares através do link: https://cutt.ly/BWerXA5. A princípio, a transição do ensino remoto para o presencial, aconteceria, de acordo com a reitoria, priorizando as práticas de laboratório para os estudantes que estão concluindo os cursos técnicos e superiores. Após o período de consulta, que vai até o dia 31/08, o documento será avaliado pelo Conselho Superior do IFB (Consup). 

Para o professor do IFB campus Planaltina, Paulo Cabral, a discussão ainda está vaga e, de certa forma, dúbia. “Acho que a gente está indo para uma consulta pública mal informados, com informações imprecisas. Pelo que entendi, eles não sabem dizer quais são os estudantes concluintes, quais são as condições de retomar as aulas presenciais. Então acho que foi precipitado, gerou mais confusão na comunidade interna. No chat tinha muita gente pedindo retorno imediato, ou seja, criou um clima, muitos desses estudantes não serão atendidos porque não estão no grupo dos concluintes, mas não tiveram esse discernimento de mostrar primeiro quem são eles, de repente nem precisava desse alarde, vai ver que são tão poucos os concluintes que o debate poderia ser feito nos campi, sem muita confusão, do jeito que está acho que causou mais incertezas, dúvidas e intranquilidade no conjunto”, analisou. 

A reitora do IFB, Luciana Massukado afirmou que o plano leva em consideração os princípios de proteção à vida, respeito à ciência, papel social do IFB, direito à educação, manutenção majoritária de atividades remotas e vacinação da comunidade acadêmica. A reitora disse ainda que o plano foi construído com base na escuta ativa e no diálogo com a comunidade acadêmica. 

Experiência do GDF mostra que ainda não estamos prontos 

Em menos de um mês de retorno presencial na rede pública do DF, os números de contaminação por Covid-19 são alarmantes. Na última sexta-feira (20), o Sinpro/DF -sindicato que representa os professores das escolas públicas- publicou que, em pelo menos 23 escolas foram registrados casos de Coronavírus, tanto entre servidores quanto entre estudantes. 

Para o professor da rede pública do DF e ex-dirigente Nacional do Sinasefe, Paulo Reis, a decisão do governo Ibaneis foi equivocada e os casos apurados certamente são menores do que a realidade, tendo em vista que não há testagem em massa. “É errado não ter testagem em massa, a taxa de transmissão hoje de Covid no DF está mais que o dobro do que a Fiocruz recomenda, quando abriu as escolas estava mais de 1,2 e a recomendação para abrir as escolas é que a taxa de contaminação esteja menos ou igual a 0,5. Além disso, segue havendo mortes, com a circulação da variante Delta que é ainda mais perigosa, e isso só piora o controle da pandemia. Isso aliado ao fato de que não tem vacinação para os jovens de 12 a 18 anos. Esse público pode ser vetor de transmissão para os seus familiares”, afirmou. 

Paulo ainda destacou que, embora o GDF tenha proposto o distanciamento de 1 metro, na prática é muito difícil que esse protocolo tão importante seja colocado em prática, pois muitas cantinas e salas de aula não são ventiladas e não é possível fiscalizar esse distanciamento nos momentos de intervalo e de entrada e saída dos jovens. 

“Além disso, não há distribuição de kits de máscara nem para os estudantes e nem para os profissionais, o que é fundamental para a não disseminação do vírus e a Secretaria de Educação não disponibilizou. Já estamos observando as paradas de ônibus super lotadas, assim como o transporte público, além de não ter vacinação para o público abaixo de 18 anos. Nesse contexto, é impossível abrir as escolas sem correr o risco da disseminação do vírus e de suas variantes. A escola tem um papel fundamental na sociedade, mas ainda corre-se muito risco de morte, doença e sequelas que podem atrapalhar o processo cognitivo dos estudantes”, concluiu Paulo Reis. 

Servidores do IFB definiram critérios para o retorno presencial 

Embora a Instituição ainda não tenha sinalizado uma data para esse retorno, os servidores do IFB, reunidos em assembleia do Sinasefe Brasília no último dia 11/08, consideraram que, para que haja algum tipo de transição do ensino remoto para o presencial é importante considerar três aspectos. O primeiro deles é a vacinação de toda a comunidade escolar. O segundo, uma melhora significativa nos índices epidemiológicos, ou seja, a redução drástica de contaminações, internações e mortes em virtude da Covid-19. O terceiro fator seria  a garantia de que qualquer retorno não signifique a sobrecarga da atividade docente e técnica. 

“Vale ressaltar que se a pandemia avança, o plano retrocede. Também é importante que a imunização seja completa, ou seja, que a comunidade acadêmica receba as duas doses da vacina ou a dose única que garante a imunização completa”, considerou o coordenador do Sinasefe Brasília, Lucas Barbosa.

Camarote VIP: Projeto que legaliza o “fura fila” tramita no Senado

Reprodução: PT.

Enquanto os brasileiros mais vulneráveis sofrem sem leitos de UTI, oxigênio ou anestésicos para o processo de intubação, o Senado Federal recebe o Projeto de Lei 948, que pretende facilitar a compra da vacina contra o Coronavírus pelo setor privado.  A proposta, de autoria do Deputado Federal Hildo Rocha (MDB), foi aprovada pela Câmara dos Deputados e simboliza uma afronta ao direito universal à saúde, garantido na Constituição. 

Nesta terça-feira (13), o Brasil atingiu a marca de 355 mil mortos, com uma média de 3 mil óbitos por dia.  De acordo com dados levantados pela ONG Instituto Polis, no ano passado, a cada dez pessoas que relataram mais de um sintoma da Covid-19, sete eram pretas ou pardas. A pesquisa também apontou que homens negros são os que mais morrem em decorrência da doença no país e que isso acontece devido às desigualdades sociais e econômicas presentes em nossa sociedade. 

O parlamento, entretanto, preocupa-se em dar celeridade ao processo de intensificação dessas desigualdades ao aprovar o PL 948. A Proposta escancara o compromisso do governo e da maioria dos representantes eleitos com o empresariado, em detrimento dos direitos básicos da população, mesmo no momento crítico que o país enfrenta.  

“Diante da política deliberada do governo Bolsonaro de não comprar vacinas, como a negativa de 70 milhões de doses da Pfizer em agosto que hoje significaria milhares de vidas preservadas, foi aprovada a lei do camarote das vacinas que permite que empresas comprem vacinas para vacinar seus executivos antes dos grupos prioritários da população em geral, como idosos e trabalhadores de serviços estritamente essenciais que continuam sendo expostos ao vírus diariamente”, alerta o coordenador do Sinasefe Brasília, Lucas Barbosa. 

O sindicalista também esclarece que o texto do Projeto privilegia uma parcela da população em detrimento da outra. “Na prática, um executivo jovem de uma grande empresa que ficou toda a quarentena de home-office será vacinado primeiro que um motorista do transporte público ou caixa de supermercado, contribuindo assim com o sucateamento do SUS e aprofundando as desigualdades sociais porque quem tem dinheiro vai ser vacinado na frente de quem mais precisa da vacinação”, afirma. 

Atualmente, apenas 10 países concentram 75% das vacinas aplicadas no mundo. No Brasil, só 10% da população foi vacinada, ao mesmo passo em que o número de mortos aumenta vertiginosamente. “Esta lei busca mascarar a incompetência e a política deliberada de morte do Governo Bolsonaro.   Demonstra também que as multinacionais da indústria farmacêutica ao vender vacinas para as empresas vacinarem seus donos e parte dos empregados não tem compromisso com a vida da maioria da população mundial e que o lucro está acima das vidas”, explica Lucas Barbosa.

O Projeto de Lei ainda não tem data definida para votação no Senado Federal. A consulta pública sobre o teor do mesmo, está disponível aqui.
Até o presente momento, 151 pessoas votaram contra a matéria e 22 a favor.