Com o objetivo de ouvir as categorias do IFB sobre o plano de retorno gradativo, apresentado pela reitoria na última reunião do Conselho Superior (Consup), o representante do Sinasefe Brasília pediu vistas até o próximo encontro da instância deliberativa, que acontecerá no dia 19/10. Para o professor do IFB e membro do Consup, Paulo Cabral, é importante que haja mais diálogo sobre o tema, que preocupa os servidores.
“A categoria dá muita importância para esse tema, foi matéria de uma assembleia específica, que tirou posição com indicativo de greve caso a retomada fosse forçada ainda no período da pandemia sem condições sanitárias para isso. Como os professores estão em fim de semestre, todos fechando diários, com uma série de atividades, entendemos, por parte do Sinasefe, que nós tínhamos que garantir uma oportunidade mais efetiva dos professores refletirem sobre isso, analisar e se posicionar. Com isso a matéria volta para a próxima reunião ordinária, onde eu tenho que apresentar um parecer sobre o processo em si e vai-se tomar uma decisão nessa data”, explica Paulo Cabral.
O conselheiro considera que a situação atual deve ser melhor debatida também pela variante Delta, que é mais contagiosa e necessita de uma proteção maior, ainda mais considerando que os estudantes, em sua maioria, utilizam o transporte público para se deslocar até os campi, o que aumenta a possibilidade de contaminação. “O ponto primordial que a gente tem que pensar é: somos uma instituição de ensino, pesquisa e extensão. Então temos que primar pelo acompanhamento, seguir as recomendações das instituições de pesquisa reconhecidas que trabalha esse tema. Uma das mais reconhecidas é a Fiocruz, que coloca várias questões como seguir os indicativos de segurança, coisa que esse plano não levou em conta, pegou os que o IFB consegue implementar e as outras descartou”, destaca Paulo.
O professor e conselheiro atenta ainda ao fato de que, com orçamento congelado, fica ainda mais difícil que o Instituto tenha verbas para instalar ventiladores, reformar salas de aula, comprar máscaras PFF2 ou N 95 para os estudantes e servidores, dentre outras medidas que seriam necessárias para retomar as atividades de forma presencial. Paulo Cabral também afirma que, além da questão orçamentária, não estão previstos no plano, pontos como os testes de Covid para a comunidade acadêmica, quais são os estudantes que precisam das disciplinas práticas para formação e como seriam as atividades híbridas ou mesmo se elas demandariam dos docentes mais horas em sala de aula, uma vez que as turmas podem ser divididas para que haja respeito ao distanciamento social.
“Por tudo isso, acho que precisamos debater melhor com a categoria e verificar as condições de cada campus antes de pensar em algum retorno. Também acredito que essas atividades deveriam ser planejadas apenas para 2022, tendo em vista que a ameaça ainda é muito grande”, completa Paulo Cabral.
Sem condições
Para o professor Paulo Baltazar, do IFB campus Estrutural, o planejamento e a preparação estão inadequados frente ao risco de contaminação. “Isso não quer dizer que estou contra o retorno das aulas presenciais, mas não acho que está sendo pensado da forma adequada. Há muito discurso sobre medidas e protocolos de segurança, mas na prática não funcionam. Não há máscaras para todos, não há reposição adequada dos sanitizantes, não há testes, não há protocolos adequadamente divulgados e praticados por todos. Estou indo agora novamente ao Campus para ajudar os colegas na organização e verificação dos laboratórios. Está tudo nas costas dos docentes”, afirmou.
“Isso expõe os docentes, servidores, os alunos e as famílias de todos nós. A decisão de retorno deve ser acompanhada dos preparativos adequados”, destacou o servidor.
O Sinasefe Brasília realizará assembleia com a categoria para analisar o plano de retorno da reitoria antes da próxima reunião do Consup. Em breve, divulgaremos mais informações sobre a atividade.