Jornada Nacional de Lutas se encerra com uma carreata em Brasília

“A educação não se vende, se defende”. Essa era uma das faixas que se destacaram durante a manifestação que aconteceu na manhã desta quinta-feira (10), quando representantes de entidades estudantis, trabalhistas e movimentos sociais realizaram uma carreata que saiu do Palácio do Buriti e seguiu até a Praça dos Três Poderes. A atividade encerra a semana nacional de lutas contra a Reforma Administrativa, por democracia nas Instituições Federais de Ensino (IFES) e pela manutenção do auxílio emergencial.
“Foram várias entidades reunidas contra essa Reforma, que na verdade vai prejudicar a população, sobretudo a mais vulnerável, que precisa desses serviços. Se lutamos por um Estado de direitos, garantias e qualidade de vida para todos, precisamos de um serviço público de qualidade”, afirma a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha, que esteve presente na atividade.
Além das faixas, cartazes e palavras de ordem, a manifestação contou com uma apresentação teatral, onde era explicado como o governo Bolsonaro avança em uma necropolítica que desfavorece a população ao desmontar os serviços públicos essenciais, que garantem a vida, a saúde, e a educação de milhares de brasileiras e brasileiros.
“Durante essa semana realizamos uma série de atividades em Brasília para defender os serviços públicos e a democracia das nossas Instituições. Na quarta-feira (09), fomos para a porta do MEC para exigir que o ministro nos recebesse, mas ele tem medo dos estudantes, tem medo da democracia e tem medo dos reitores que foram eleitos e representam a voz da sua comunidade. Hoje (10), a gente encerrou as nossas atividades com uma carreata que saiu do Palácio do Buriti e veio até o Congresso Nacional, encerramos nosso ato na Praça dos três Poderes para dizer não à reforma administrativa é às intervenções autoritárias, golpistas do Bolsonaro nas Universidades e Institutos Federais, para defender o direito à vida, a educação, a ciência, a pesquisa, os direito do povo. A nossa luta está só começando”, explicou o coordenador geral da Fenet, Caio Sad.
Após um momento de falas e exibição de cartazes em frente ao Palácio do Planalto, a atividade se encerrou e contou com manifestações de apoio dos carros que passavam pela Esplanada.

MEC quer obrigar retorno presencial sem vacina

A portaria n°1030, publicada nesta quarta-feira (02), impõe que as Instituições Federais de Ensino (IFES) retornem às atividades presenciais em pouco menos de um mês, no dia 4 de janeiro de 2021. Ignorando o cenário de pandemia em que o país se encontra, com mais de 170 mil óbitos e 697 mortes registradas ontem, o governo mais uma vez sinaliza uma total falta de compromisso com a sociedade. 

“No Brasil, estamos emendando a segunda onda de contaminações com a primeira. Segundo a Organização Mundial de Saúde ( OMS), a abertura e funcionamento seguro de instituições de ensino, só poderia acontecer em um cenário de redução significativa da curva de contágio, o que não está acontecendo no nosso país. Nesse panorama, essa portaria não tem nenhum cabimento”, explica a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha. 

A portaria ainda coloca na responsabilidade das IFES a disponibilização de recursos para que os protocolos de segurança sejam seguidos com o retorno presencial, em um momento em que as Instituições enfrentam uma previsão de corte de 1,8 bilhão de reais no orçamento do próximo ano. 

Resistência 

Após uma série de críticas, o governo decidiu revogar a portaria. De acordo com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, será realizada uma consulta pública sobre o tema. “O fato do governo ter, nesse primeiro momento, voltado atrás, não deve nos tranquilizar, pelo contrário. Se o ministério já demonstrou disposição em impor o retorno presencial antes de oferecer vacina para a população, devemos nos manter alertas e mobilizados para deflagrar uma greve geral caso haja uma nova iniciativa nesse sentido”, afirma Camila Tenório Cunha. 

Em julho de 2020, o Sinasefe aprovou em plenária nacional a deflagração de greve sanitária em defesa da vida, diante de qualquer retorno presencial. 
A reitora do IFB, Luciana Massukato, também lançou uma nota afirmando que a referida portaria é “inadequada e inoportuna, pois, além de ferir a autonomia das instituições, desconsidera o aumento significativo de casos de covid-19 no país, de internações hospitalares decorrentes da doença e da ausência efetiva da vacina”. 

O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), também divulgou uma nota contra o retorno presencial. “Voltar às aulas presenciais, de forma precipitada como disposto na Portaria, seria uma irresponsabilidade com os nossos mais de um milhão de estudantes e 80 mil servidores”, afirma um trecho do documento, que pode ser lido integralmente aqui.