“Nas últimas semanas a gente está presenciando a morte de um World Trade Center por dia”, afirma dirigente sindical

O triste marco de 300 mil mortes por Coronavírus foi alcançado essa semana. Em virtude dessa tragédia, militantes ligados a partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos realizaram, na manhã dessa sexta-feira (26), um ato simbólico contra o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e em defesa da vacinação ampla e irrestrita para todo o povo brasileiro. A atividade foi curta e seguiu os protocolos de uso de máscaras e distanciamento social. 

Em protesto, os manifestantes levaram faixas e cartazes ligando Bolsonaro às mortes que estão acontecendo durante a pandemia. “ O governo tem culpa porque desde o começo tratou o vírus com descaso. Se a gente tivesse feito o fechamento de tudo desde o início, se tivéssemos respeitado as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de mortos seria muito menor. Mas o mercado, o comércio e o capital foram mais importantes do que a vida para esse governo”, afirmou a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha, que esteve presente na atividade. 

A sindicalista ainda falou sobre o cartaz que levou para a atividade e a sua indignação em relação tanto ao descaso das autoridades quanto à apatia dá população. “Nas últimas semanas a gente está presenciando a morte de um World Trade Center por dia. Em 2001, quando houve esse atentado e 3 mil pessoas morreram todos ficaram chocados, mas agora parece que as pessoas estão anestesiadas. Ninguém se choca com essa quantidade de mortes por dia e sabendo que está sendo subnotificado. Há 6 mil pessoas esperando por UTI no Brasil, significa que se elas não conseguirem vão morrer, a gente está em um quadro desolador de genocídio e de morte desgovernado e a vacinação acontece a passos de tartaruga”, explicou Camila. 

O Sinasefe Brasília participa da campanha DF Vacinado, que visa pressionar o governador Ibaneis Rocha (PMDB) a fornecer a vacinação para toda a população. Clique aqui e contribua com o abaixo assinado, que na tarde de hoje já conta com mais de 3,5 mil assinaturas.

Foto: Fabiano Leitão. 

Resistir para existir: a luta pela vacinação é de tod@s!

Quase 250 mil pessoas já morreram em decorrência da Covid19 no país. O número alarmante, entretanto, não preocupa as autoridades, que manejam a crise sanitária com a irresponsabilidade de quem trata “uma gripezinha”. 

Em 2020, o ano em que os investimentos em saúde e em auxílios deveriam ter sido ampliados para evitar a propagação e a mortalidade do vírus, o governo Bolsonaro gastou mais de 15 milhões em leite condensado, além de 714 mil quilos de picanha e 80 mil unidades de cerveja comprados para os militares do Exército e da Marinha. Tudo isso com valores que chegaram a exceder em até 60% os preços de mercado. 

Enquanto isso, falta tudo para a população, inclusive oxigênio. Pela primeira vez uma campanha de vacinação no Brasil foi interrompida por falta de imunizantes. Esse cenário desolador fez com que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) publicasse nota pedindo a troca do comando do Ministério da Saúde.  

Diante dessa situação, tornou-se necessário defender e lutar por algo que o governo deveria fornecer naturalmente: a vacinação para todas e todos. “Durante todo tempo de governo Bolsonaro não houve política pública de combate à fome, às desigualdades, ao desemprego crescente. Mas a necropolítica ficou bem mais evidente em 2020, quando era muito necessário um planejamento, uma orientação na saúde e na educação, já que tínhamos uma pandemia…. E neste caos ficamos em diversos momentos sem ministros da saúde e da educação, exatamente os ministros mais importantes no contexto de combate à pandemia”, explica a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha. 

A sindicalista esteve presente nesta quinta-feira (18) em um ato pela vacinação em massa da população e pela manutenção do auxílio emergencial. “Esse ato foi bem curto, mas simbólico, as mulheres presentes escreveram em pratos vazios as palavras: fome, vacina e auxílio já. Acho que é importante o Sinasefe apoiar atos como esse porque refletem o que está acontecendo com a maioria da família dos nossos alunos e alunas que precisam da vacina, precisam trabalhar e precisam do auxílio. Ao mesmo tempo, não adianta garantir uma coisa prejudicando outra. A justificativa de que reduzir o salário dos servidores é algo necessário para manter o auxílio não se sustenta com essa farra de gastos do governo. Além do mais, é o servidor e os serviços públicos quem garante a cidadania para a população”, explica Camila.  A atividade em questão foi organizada pela Colisão de Mulheres Negras do Distrito Federal, um coletivo de várias entidades que têm por objetivo levantar as pautas dessa parcela da população, que é a mais prejudicada de todas em termos de desemprego, vulnerabilidades, preconceito e violência. 

Sem vacina, sem retorno: Sinasefe não aceita volta às aulas em plena pandemia

Imagem: Veja

Como é comum na apresentação de medidas impopulares, no apagar das luzes de 2020 para 2021, o ministério da Educação publicou a portaria n° 1096, prevendo a retomada das aulas presenciais para o dia 1° de março, além de revogar, a partir da mesma data, a portaria n°617/20, que orienta as atividades remotas na Rede Federal. Ao invés de preocupar-se em garantir a vacinação de todas e todos em tempo hábil, o governo se ocupa em obrigar o retorno sem nenhuma garantia e segurança para estudantes e servidores.
Além do grande risco de contaminação em sala de aula, o retorno das atividades expõe a comunidade da rede e seus familiares aos riscos do transporte público, à possibilidade de enorme evasão e aumenta a circulação de pessoas nas ruas, e por conseguinte, do vírus, indo na contra mão de todos os países que controlaram a pandemia.
O Sinasefe Nacional já aprovou, em julho do ano passado, a deflagração de uma greve sanitária em defesa da vida caso houvesse retorno presencial sem segurança. A seção Brasília reitera que continuará em luta para que só haja retorno após a vacinação dos servidores e estudantes. Acreditamos e defendemos que as vidas estão acima de todo e qualquer atraso no calendário acadêmico e não podemos ignorar os enormes estragos que essa pandemia vem causando em nosso país justamente pelo despreparo das lideranças, que desampararam a população e permitiram as mais de 200 mil mortes que hoje enlutam e envergonham os brasileiros.

Com informações de Sinasefe Nacional.

MEC quer obrigar retorno presencial sem vacina

A portaria n°1030, publicada nesta quarta-feira (02), impõe que as Instituições Federais de Ensino (IFES) retornem às atividades presenciais em pouco menos de um mês, no dia 4 de janeiro de 2021. Ignorando o cenário de pandemia em que o país se encontra, com mais de 170 mil óbitos e 697 mortes registradas ontem, o governo mais uma vez sinaliza uma total falta de compromisso com a sociedade. 

“No Brasil, estamos emendando a segunda onda de contaminações com a primeira. Segundo a Organização Mundial de Saúde ( OMS), a abertura e funcionamento seguro de instituições de ensino, só poderia acontecer em um cenário de redução significativa da curva de contágio, o que não está acontecendo no nosso país. Nesse panorama, essa portaria não tem nenhum cabimento”, explica a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha. 

A portaria ainda coloca na responsabilidade das IFES a disponibilização de recursos para que os protocolos de segurança sejam seguidos com o retorno presencial, em um momento em que as Instituições enfrentam uma previsão de corte de 1,8 bilhão de reais no orçamento do próximo ano. 

Resistência 

Após uma série de críticas, o governo decidiu revogar a portaria. De acordo com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, será realizada uma consulta pública sobre o tema. “O fato do governo ter, nesse primeiro momento, voltado atrás, não deve nos tranquilizar, pelo contrário. Se o ministério já demonstrou disposição em impor o retorno presencial antes de oferecer vacina para a população, devemos nos manter alertas e mobilizados para deflagrar uma greve geral caso haja uma nova iniciativa nesse sentido”, afirma Camila Tenório Cunha. 

Em julho de 2020, o Sinasefe aprovou em plenária nacional a deflagração de greve sanitária em defesa da vida, diante de qualquer retorno presencial. 
A reitora do IFB, Luciana Massukato, também lançou uma nota afirmando que a referida portaria é “inadequada e inoportuna, pois, além de ferir a autonomia das instituições, desconsidera o aumento significativo de casos de covid-19 no país, de internações hospitalares decorrentes da doença e da ausência efetiva da vacina”. 

O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), também divulgou uma nota contra o retorno presencial. “Voltar às aulas presenciais, de forma precipitada como disposto na Portaria, seria uma irresponsabilidade com os nossos mais de um milhão de estudantes e 80 mil servidores”, afirma um trecho do documento, que pode ser lido integralmente aqui.