O ritmo acelerado dos ataques à população, em contraste com a ineficiência na garantia de condições básicas de sobrevivência, continuidade dos serviços públicos e políticas de proteção social, levam novamente o povo às ruas nesta terça-feira (13). Em protesto contra as privatizações, o PL 490 (que altera as regras da demarcação de terras indígenas), a morosidade na compra e distribuição de vacinas e a desastrosa condução do governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido), que está sendo investigado pelo crime de prevaricação no caso Covaxin, uma série de entidades convocam a população para ocupar praças e ruas pelo impeachment do presidente.
Em Brasília, duas manifestações estão programadas. A primeira acontece às 10h, em frente à sede dos Correios, contra a privatização da empresa. Às 16h, no gramado da Rodoviária, acontece novo protesto unificado pelo afastamento do chefe do executivo.
O Sinasefe Brasília estará presente na atividade representando a categoria contra a PEC 32, que tramita na Câmara dos Deputados, em defesa da vacinação dos educadores dos Institutos Federais e em repúdio à expansão da necropolítica difundida pelo governo, que já carrega 533 mil mortos por coronavírus, 19 milhões de brasileiros em situação de fome e 14,8 milhões de desempregados, o que configura um triste recorde na história recente do país.
O cerco se fecha
Nesta segunda-feira (12), a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se Bolsonaro cometeu crime de prevaricação no caso da compra da vacina indiana Covaxin. A princípio, a duração do inquérito é de três meses, podendo ser prorrogado.
O governo, que se elegeu às custas do discurso anticorrupção, vê-se acuado e perdendo apoiadores dia após dia. Não há coerência sequer nas narrativas difundidas pelas lideranças do executivo, como é perceptível nas constantes ameaças do presidente à democracia, ao sistema eleitoral e aos direitos do povo brasileiro.
Após Bolsonaro acusar, sem nenhuma prova, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de participar de fraudes e defender mais uma vez o voto impresso – não por acaso, após as pesquisas mostrarem ampla rejeição ao seu governo – o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que as eleições de 2022 vão acontecer, a despeito das ameaças do presidente, que chegou a dizer que o pleito eleitoral corre o risco de não ser realizado caso não haja um “sistema confiável”.
Não é a primeira vez que o presidente ataca o sistema de votação brasileiro. Curiosamente, Bolsonaro só se manifesta a esse respeito quando há possibilidade de perder nas urnas. Em 2018, o então candidato afirmou que caso ele não ganhasse as eleições para a presidência da república, estaria comprovado que o sistema é fraudulento.
A nova fala do presidente aparece em um contexto em que, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, 51% dos brasileiros desaprovam o seu governo.
O presidente do TSE e ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, afirmou que qualquer tentativa do Executivo de barrar as eleições de 2022 configura crime de responsabilidade.
No dia 24/07, um novo protesto unificado pelo impeachment de Bolsonaro está marcado para acontecer em todo país. Até o momento, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), não aceitou nenhum dos mais de 100 pedidos de afastamento de Jair Bolsonaro.