Quase 250 mil pessoas já morreram em decorrência da Covid19 no país. O número alarmante, entretanto, não preocupa as autoridades, que manejam a crise sanitária com a irresponsabilidade de quem trata “uma gripezinha”.
Em 2020, o ano em que os investimentos em saúde e em auxílios deveriam ter sido ampliados para evitar a propagação e a mortalidade do vírus, o governo Bolsonaro gastou mais de 15 milhões em leite condensado, além de 714 mil quilos de picanha e 80 mil unidades de cerveja comprados para os militares do Exército e da Marinha. Tudo isso com valores que chegaram a exceder em até 60% os preços de mercado.
Enquanto isso, falta tudo para a população, inclusive oxigênio. Pela primeira vez uma campanha de vacinação no Brasil foi interrompida por falta de imunizantes. Esse cenário desolador fez com que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) publicasse nota pedindo a troca do comando do Ministério da Saúde.
Diante dessa situação, tornou-se necessário defender e lutar por algo que o governo deveria fornecer naturalmente: a vacinação para todas e todos. “Durante todo tempo de governo Bolsonaro não houve política pública de combate à fome, às desigualdades, ao desemprego crescente. Mas a necropolítica ficou bem mais evidente em 2020, quando era muito necessário um planejamento, uma orientação na saúde e na educação, já que tínhamos uma pandemia…. E neste caos ficamos em diversos momentos sem ministros da saúde e da educação, exatamente os ministros mais importantes no contexto de combate à pandemia”, explica a coordenadora do Sinasefe Brasília, Camila Tenório Cunha.
A sindicalista esteve presente nesta quinta-feira (18) em um ato pela vacinação em massa da população e pela manutenção do auxílio emergencial. “Esse ato foi bem curto, mas simbólico, as mulheres presentes escreveram em pratos vazios as palavras: fome, vacina e auxílio já. Acho que é importante o Sinasefe apoiar atos como esse porque refletem o que está acontecendo com a maioria da família dos nossos alunos e alunas que precisam da vacina, precisam trabalhar e precisam do auxílio. Ao mesmo tempo, não adianta garantir uma coisa prejudicando outra. A justificativa de que reduzir o salário dos servidores é algo necessário para manter o auxílio não se sustenta com essa farra de gastos do governo. Além do mais, é o servidor e os serviços públicos quem garante a cidadania para a população”, explica Camila. A atividade em questão foi organizada pela Colisão de Mulheres Negras do Distrito Federal, um coletivo de várias entidades que têm por objetivo levantar as pautas dessa parcela da população, que é a mais prejudicada de todas em termos de desemprego, vulnerabilidades, preconceito e violência.