Combater o assédio é construir uma educação livre

No último sábado (6), uma notícia de assédio sexual de um professor a alunas chocou parte da comunidade acadêmica do IFB. Divulgada nos principais meios de comunicação, a matéria informava que o docente foi denunciado à Polícia Civil do Distrito Federal, que investiga o caso.

Além de deixar as alunas desconfortáveis com comentários de cunho totalmente inadequado, o professor teria chegado a forçar beijos, puxar o cabelo das estudantes, entre outros comportamentos que criaram uma rotina de abusos em sala de aula. 

Após a divulgação das notícias de que o servidor estaria sendo investigado, ficamos sabendo que o mesmo havia sofrido um Processo Administrativo e após passar pelo devido processo legal, com direito a ampla defesa, o mesmo foi demitido do cargo que ocupava no IFB, campus Planaltina. A decisão de demitir o docente, embora pareça o caminho mais lógico a ser seguido em um caso como esse, foi uma decisão acertada da reitoria, que no momento tem o seu cargo máximo ocupado por uma mulher, a professora Luciana Massukado. 

Essa ação evidencia a necessidade cada vez mais emergente de que mais mulheres ocupem altos cargos de liderança nas instituições, empresas e governos. Só dessa forma é possível garantir o acolhimento e a escuta das vítimas.  A atitude da reitora é um marco na história da nossa Instituição.

O Sinasefe Brasília acredita que todo e qualquer servidor que sofre um Processo Administrativo ou que é alvo de alguma denúncia precisa ser ouvido. A legalidade, muitas vezes colocada em segundo plano na história recente do nosso país, é uma das garantias da manutenção de um estado democrático, dos direitos políticos e sociais de cada uma e de cada um. Nosso sindicato também tem como um dos seus eixos de luta, a garantia da estabilidade dos servidores como uma forma de garantir isonomia no serviço público, menos assédio moral e mais qualidade nos serviços prestados à comunidade. 

Dito isso, deixamos claro que não concordamos e não aceitamos a violência contra meninas e mulheres dentro dos nossos espaços de educação, de trabalho, de convivência e de representação política. A garantia da nossa estabilidade e a defesa dos direitos dos servidores, não se contrapõe ao apoio de punição exemplar em casos como esse, pelo contrário. Queremos continuar construindo uma educação transformadora e inclusiva. Para isso, é fundamental que o respeito, a igualdade e a legalidade estejam presentes em todas as esferas.

Esse professor não representa a maioria dos docentes do IFB e a maioria dos educadores do nosso país, que diariamente se desdobram para ser agentes catalisadores dos sonhos de milhares de jovens, crianças e adultos. Por isso, pessoas que utilizam esse papel para perpetuar opressões e abusos não merecem e não podem fazer parte dessa categoria. 

O Sinasefe Brasília apoia radicalmente a luta das mulheres contra as violências às quais são diariamente submetidas. Para que a educação seja realmente emancipadora, deve ser livre de assédio, machismo e misoginia.

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